quinta-feira, 22 de julho de 2010

FASCÍCULO 5: O Lúdico na Sala de Aula: Projetos e Jogos.




O Lúdico na Sala de Aula: Projetos e Jogos.


A brincadeira é um lugar de construção de culturas fundado nas interações sociais entre as crianças. É também suporte da sociabilidade. O desejo de brincar com o outro, de estar e fazer coisas com o outro é a principal razão que leva as crianças a se engajarem em grupos de pares. Para brincar juntas, necessitam construir e manter um espaço interativo de ações coordenadas, o que envolve a partilha de objetos, espaços, valores, conhecimentos, significados e a negociação de conflitos e disputas. Nesse contexto, as crianças estabelecem laços de sociabilidade e constroem sentimentos e atitudes de solidariedade e de amizade. É importante demarcar que no brincar as crianças vão se constituindo como agentes de sua experiência social, organizando com autonomia suas ações e interações, elaborando planos e formas de ações conjuntas, criando regras de convivência social e de participação nas brincadeiras instituindo coletivamente uma ordem social que rege as relações entre os pares e se afirmam como autoras de suas práticas sociais e culturais. Brincar é uma ação complexa, interativa e reflexiva que envolve a construção de habilidades, conhecimentos e valores sobre o mundo. O brincar contém o mundo e ao mesmo tempo contribui para expressá-lo, pensá-lo e recriá-lo, ampliando os conhecimentos da criança sobre si mesma e sobre a realidade ao seu redor.

A aprendizagem e a ludicidade são ações com objetivos semelhantes, pois através do lúdico a criança abandona o seu mundo de necessidade e constrangimentos e se desenvolve, criando e adaptando uma nova realidade a sua personalidade, afirmando o seu “eu”, se tornando espontânea, despertando a criatividade e interagindo com o mundo interior e exterior. Através dos jogos e brincadeiras percebemos dificuldades motoras, intelectuais e afetivas das crianças, em que se alegra se sentem úteis, gratificadas e livres, conhecem limites, regras e estabelecem estratégias diferenciadas, aprendendo a se concentrar, a respeitar e se fazer respeitada. Podemos e devemos utilizar a ludicidade na aprendizagem, mediante jogos e situações lúdicas que propiciem a reflexão sobre conceitos matemáticos, linguísticos ou científicos; é preciso colocá-la no real espaço que ocupa no mundo infantil e que não é o da experiência da brincadeira como cultura. Ao incorporar o lúdico podemos propiciar novas e interessantes relações entre as crianças e destas com o conhecimento. Existem inúmeras possibilidades de inserir a ludicidade na aprendizagem, mas para que a atividade pedagógica seja lúdica, é importante que permita à fruição, a decisão, a escolha, as descobertas, as perguntas e as soluções por parte das crianças e dos adolescentes, enfim, deixar que brinquem, aprender com eles a rir, a inventar a ordem, a representar, a imitar, a sonhar e a imaginar, na arte da poesia, da música, da literatura, nos jogos e até mesmo na escrita, promovendo a apropriação do sistema alfabético, e das práticas da leitura e oralidade significativa através de brincadeiras. Para tanto a escola precisa oferecer aos alunos oportunidades de contato com a leitura e a escrita como práticas sociais imbuídas de significado, buscando interação com o outro. O educador que realiza projetos de jogos e brincadeiras dirigidas, com objetivos sequênciados de acordo com a realidade da turma, propicia um aprendizado complexo e significativo, especialmente na alfabetização, por ser uma etapa envolta em fantasias e brincadeiras próprias da faixa etária, sendo um excelente canal para a leitura e escrita prazerosa.



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