sexta-feira, 30 de julho de 2010

Lembrancinha da Páscoa.

Agradecimento



Agradeço primeiramente a Deus,  a minha família, também agradeço a oportunidade de compartilhar e mais que tudo; aprender muito com o curso de formação continuada, com cada cursista, a vocês meu carinho,  respeito, pelo que são e pela participação. Agradeço a Secretária de Educação Vânia, pela parceria e viabilização do curso o qual nos proporcionou uma grande reflexão e aprendizagem de nossa prática pedagógica. O meu sincero e muito obrigada à todas Vocês.
Abraços, Josy.

Fascículo 7: Modos de Falar Modos de Escrever

A monitoração na fala e na escrita

Geralmente os modos de falar são marcados por menos atenção e menos planejamento que os modos de escrever. Podemos dizer que quando estamos falando nos monitoramos menos do que quando estamos escrevendo. Isso acontece porque a escrita tem um caráter permanente, enquanto a fala, a menos que seja gravada, é momentânea. Mas temos de observar que há
modos de falar que vão requerer quase tanta monitoração quanto os modos de escrever.
Por exemplo, se estamos tratando de um assunto importante com uma pessoa que conhecemos pouco, ou se estamos falando para um grupo, como em uma aula ou em uma palestra, tendemos a nos monitorar bastante, quase como se estivéssemos escrevendo. Por outro lado, às vezes escrevemos uma carta, um lembrete ou um bilhete, sem muita preocupação com a monitoração. Em resumo, tendemos a nos monitorar mais na escrita do que na fala, mas tanto em uma quanto em outra o grau da monitoração que vamos aplicar depende do papel social que estamos desempenhando.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

FASCÍCULO 6: O Livro Didático em Sala de Aula: Algumas Reflexões.



O Livro Didático em Sala de Aula: Algumas Reflexões.

No fascículo 6, refletimos sobre o uso dos livros didáticos, suas mudanças e permanências no decorrer das últimas décadas, contribuições e influências no ensino aprendizagem. A análise de diversas cartilhas atuais e antigas permitiram analogias e constatações que permearam o ensino no passado e atualmente, trazendo indagações sobre o currículo e a prática empregada em cada momento da história da educação.

Culturalmente o livro didático tem seu lugar nas escolas brasileiras, caminhando por décadas ao lado do professor orientando o trabalho pedagógico. Para muitos foi o principal material escrito, manuseado e lido de forma sistemática pelas crianças, e mesmo por professores, limitando a visão de mundo e se restringindo aos textos, interpretações e produções na ótica daquele autor. Cabe ressaltar a importância do livro didático na regulação da prática, fornecendo uma linha para que os professores, dêem continuidade no processo, observando os conteúdos a serem estudados em cada etapa, a ordem em que devem ser ensinados, as atividades a serem desenvolvidos, os textos, entre outros; sabendo que não deve ser utilizado como único objeto de estudo, é imprescindível que seja complementado com gêneros literários variados e materiais de usos e funções sociais em âmbito geral.
Acompanhando as teorias de ensino behavioristas, condicionantes e mecanicistas da década de 70 as cartilhas e livros didáticos eram reprodutivistas, passando por grandes mudanças a partir da segunda metade da década de 80, uma vez que a educação passava por muitas transformações, com movimentos que refletiam nas políticas educacionais e consequentemente no currículo. Grandes estudiosos contribuíram para um ensino critico reflexivo, contextualizado e dinâmico, valorizando o contexto social da criança e perpassando o conceito do signo e respostas memorizadas. Atualmente existem livros didáticos bastante completos com metodologia diversificada, textos interessantes, interdisciplinares e contextualizados, ainda assim, considerando os recursos tecnológicos e a diversidade dos dias atuais, sabemos que não basta, é preciso sempre enriquecer, pesquisar e tornar as aulas cada vez mais chamativas e interessantes favorecendo a concentração e o aprendizado. A escolha do livro didático é muito importante devendo ser conduzida pelo coordenador e gestor educacional, envolvendo todos os educadores, observando os aspectos significativos da coleção, sua aplicabilidade, o teor dos textos, conteúdos e relação com o contexto social entre tantos outros fatores. Existe grande quantidade de coleções didáticas de língua portuguesa e de alfabetização, no Brasil nos dias de hoje, com uma variedade enorme de propostas pedagógicas, e sua eficácia e aplicabilidade vai depender em parte da escolha ser feita de acordo com a necessidade dos alunos e do professor, ser complexa oferecendo suporte ao educador, e da concepção pedagógica, entre outras. Observar a pluralidade, o contexto histórico, os saberes elencados, valores e atitudes estimulados, é essencial para uma boa escolha. Sendo o educador responsável pelas mudanças e transformações sociais, a maneira como conduzirá as aulas e os materiais escolhidos são determinantes para a qualidade do ensino, devendo estar repletos de boas leituras e produções significativas, iniciando e conduzindo o ensino numa perspectiva letrada.

A TEORIA BÁSICA DE JEAN PIAGET


A TEORIA BÁSICA DE JEAN PIAGET
José Luiz de Paiva Bello
Vitória, 1995
________________________________________
________________________________________

Desde muito cedo Jean Piaget demonstrou sua capacidade de observação. Aos onze anos percebeu um melro albino em uma praça de sua cidade. A observação deste pássaro gerou seu primeiro trabalho científico. Formado em Biologia interessou-se por pesquisar sobre o desenvolvimento do conhecimento nos seres humanos. As teorias de Jean Piaget, portanto, tentam nos explicar como se desenvolve a inteligência nos seres humanos. Daí o nome dado a sua ciência de Epistemologia Genética, que é entendida como o estudo dos mecanismos do aumento dos conhecimentos.
Convém esclarecer que as teorias de Piaget têm comprovação em bases científicas. Ou seja, ele não somente descreveu o processo de desenvolvimento da inteligência, mas, experimentalmente, comprovou suas teses.
Desde que se interessou por desvendar o desenvolvimento da inteligência humana, Piaget trabalhou compulsivamente em seu objetivo, até às vésperas de sua morte, em 1980, aos oitenta e quatro anos, deixando escrito aproximadamente setenta livros e mais de quatrocentos artigos. Repassamos aqui algumas idéias centrais de sua teoria, com a colaboração do “Glossário de Termos”.

1 - A inteligência para Piaget é o mecanismo de adaptação do organismo a uma situação nova e, como tal, implica a construção contínua de novas estruturas. Esta adaptação refere-se ao mundo exterior, como toda adaptação biológica. Desta forma, os indivíduos se desenvolvem intelectualmente a partir de exercícios e estímulos oferecidos pelo meio que os cercam. O que vale também dizer que a inteligência humana pode ser exercitada, buscando um aperfeiçoamento de potencialidades, que evolui "desde o nível mais primitivo da existência, caracterizado por trocas bioquímicas até o nível das trocas simbólicas" (RAMOZZI-CHIAROTTINO apud CHIABAI, 1990, p. 3).

2 - Para Piaget o comportamento dos seres vivos não é inato, nem resultado de condicionamentos. Para ele o comportamento é construído numa interação entre o meio e o indivíduo. Esta teoria epistemológica (epistemo = conhecimento; e logia = estudo) é caracterizada como interacionista. A inteligência do indivíduo, como adaptação a situações novas, portanto, está relacionada com a complexidade desta interação do indivíduo com o meio. Em outras palavras, quanto mais complexa for esta interação, mais “inteligente” será o indivíduo. As teorias piagetianas abrem campo de estudo não somente para a psicologia do desenvolvimento, mas também para a sociologia e para a antropologia, além de permitir que os pedagogos tracem uma metodologia baseada em suas descobertas.

3 - “Não existe estrutura sem gênese, nem gênese sem estrutura” (Piaget). Ou seja, a estrutura de maturação do indivíduo sofre um processo genético e a gênese depende de uma estrutura de maturação. Sua teoria nos mostra que o indivíduo só recebe um determinado conhecimento se estiver preparado para recebê-lo. Ou seja, se puder agir sobre o objeto de conhecimento para inserí-lo num sistema de relações. Não existe um novo conhecimento sem que o organismo tenha já um conhecimento anterior para poder assimilá-lo e transformá-lo. O que implica os dois pólos da atividade inteligente: assimilação e acomodação. É assimilação na medida em que incorpora a seus quadros todo o dado da experiência ou estruturação por incorporação da realidade exterior a formas devidas à atividade do sujeito (Piaget, 1982). É acomodação na medida em que a estrutura se modifica em função do meio, de suas variações. A adaptação intelectual constitui-se então em um "equilíbrio progressivo entre um mecanismo assimilador e uma acomodação complementar" (Piaget, 1982). Piaget situa, segundo Dolle, o problema epistemológico, o do conhecimento, ao nível de uma interação entre o sujeito e o objeto. E "essa dialética resolve todos os conflitos nascidos das teorias, associacionistas, empiristas, genéticas sem estrutura, estruturalistas sem gênese, etc. ... e permite seguir fases sucessivas da construção progressiva do conhecimento" (1974, p. 52).

4 - O desenvolvimento do indivíduo inicia-se no período intra-uterino e vai até aos 15 ou 16 anos. Piaget diz que a embriologia humana evolui também após o nascimento, criando estruturas cada vez mais complexas. A construção da inteligência dá-se, portanto em etapas sucessivas, com complexidades crescentes, encadeadas umas às outras. A isto Piaget chamou de “construtivismo sequencial”.

A seguir os períodos em que se dá este desenvolvimento motor, verbal e mental.

A. Período Sensório-Motor - do nascimento aos 2 anos, aproximadamente.
A ausência da função semiótica é a principal característica deste período. A inteligência trabalha através das percepções (simbólico) e das ações (motor) através dos deslocamentos do próprio corpo. É uma inteligência iminentemente prática. Sua linguagem vai da ecolalia (repetição de sílabas) à palavra-frase ("água" para dizer que quer beber água) já que não representa mentalmente o objeto e as ações. Sua conduta social, neste período, é de isolamento e indiferenciação (o mundo é ele).

B. Período Simbólico - dos 2 anos aos 4 anos, aproximadamente.
Neste período surge a função semiótica que permite o surgimento da linguagem, do desenho, da imitação, da dramatização, etc.. Podendo criar imagens mentais na ausência do objeto ou da ação é o período da fantasia, do faz de conta, do jogo simbólico. Com a capacidade de formar imagens mentais pode transformar o objeto numa satisfação de seu prazer (uma caixa de fósforo em carrinho, por exemplo). É também o período em que o indivíduo “dá alma” (animismo) aos objetos ("o carro do papai foi 'dormir' na garagem"). A linguagem está a nível de monólogo coletivo, ou seja, todos falam ao mesmo tempo sem que respondam as argumentações dos outros. Duas crianças “conversando” dizem frases que não têm relação com a frase que o outro está dizendo. Sua socialização é vivida de forma isolada, mas dentro do coletivo. Não há liderança e os pares são constantemente trocados.
Existem outras características do pensamento simbólico que não estão sendo mencionadas aqui, uma vez que a proposta é de sintetizar as idéias de Jean Piaget, como por exemplo, o nominalismo (dar nomes às coisas das quais não sabe o nome ainda), superdeterminação (“teimosia”), egocentrismo (tudo é “meu”), etc.

C. Período Intuitivo - dos 4 anos aos 7 anos, aproximadamente.
Neste período já existe um desejo de explicação dos fenômenos. É a “idade dos porquês”, pois o indíviduo pergunta o tempo todo. Distingue a fantasia do real, podendo dramatizar a fantasia sem que acredite nela. Seu pensamento continua centrado no seu próprio ponto de vista. Já é capaz de organizar coleções e conjuntos sem no entanto incluir conjuntos menores em conjuntos maiores (rosas no conjunto de flores, por exemplo). Quanto à linguagem não mantém uma conversação longa mas já é capaz de adaptar sua resposta às palavras do companheiro.
Os Períodos Simbólico e Intuitivo são também comumente apresentados como Período Pré-Operatório.

D. Período Operatório Concreto - dos 7 anos aos 11 anos, aproximadamente.
É o período em que o indivíduo consolida as conservações de número, substância, volume e peso. Já é capaz de ordenar elementos por seu tamanho (grandeza), incluindo conjuntos, organizando então o mundo de forma lógica ou operatória. Sua organização social é a de bando, podendo participar de grupos maiores, chefiando e admitindo a chefia. Já podem compreender regras, sendo fiéis a ela, e estabelecer compromissos. A conversação torna-se possível (já é uma linguagem socializada), sem que no entanto possam discutrir diferentes pontos de vista para que cheguem a uma conclusão comum.

E. Período Operatório Abstrato - dos 11 anos em diante.
É o ápice do desenvolvimento da inteligência e corresponde ao nível de pensamento hipotético-dedutivo ou lógico-matemático. É quando o indivíduo está apto para calcular uma probabilidade, libertando-se do concreto em proveito de interesses orientados para o futuro. É, finalmente, a “abertura para todos os possíveis”. A partir desta estrutura de pensamento é possível a dialética, que permite que a linguagem se dê em nível de discussão para se chegar a uma conclusão. Sua organização grupal pode estabelecer relações de cooperação e reciprocidade.

5 - A importância de se definir os períodos de desenvolvimento da inteligência reside no fato de que, em cada um, o indivíduo adquire novos conhecimentos ou estratégias de sobrevivência, de compreensão e interpretação da realidade. A compreensão deste processo é fundamental para que os professores possam também compreender com quem estão trabalhando.
A obra de Jean Piaget não oferece aos educadores uma didática específica sobre como desenvolver a inteligência do aluno ou da criança. Piaget nos mostra que cada fase de desenvolvimento apresenta características e possibilidades de crescimento da maturação ou de aquisições. O conhecimento destas possibilidades faz com que os professores possam oferecer estímulos adequados a um maior desenvolvimento do indivíduo.
“Aceitar o ponto de vista de Piaget, portanto, provocará turbulenta revolução no processo escolar (o professor transforma-se numa espécie de ‘técnico do time de futebol’, perdendo seu ar de ator no palco). (...) Quem quiser segui-lo tem de modificar, fundamentalmente, comportamentos consagrados, milenarmente (aliás, é assim que age a ciência e a pedagogia começa a tornar-se uma arte apoiada, estritamente, nas ciências biológicas, psicológicas e sociológicas). Onde houver um professor ‘ensinando’... aí não está havendo uma escola piagetiana!” (Lima, 1980, p. 131).

O lema “o professor não ensina, ajuda o aluno a aprender”, do Método Psicogenético, criado por Lauro de Oliveira Lima, tem suas bases nestas teorias epistemológicas de Jean Piaget. Existem outras escolas, espalhadas pelo Brasil, que também procuram criar metodologias específicas embasadas nas teorias de Piaget. Estas iniciativas passam tanto pelo campo do ensino particular como pelo público. Alguns governos municipais, inclusive, já tentam adotá-las como preceito político-legal.
Todavia, ainda se desconhece as teorias de Piaget no Brasil. Pode-se afirmar que ainda é limitado o número daqueles que buscam conhecer melhor a Epistemologia Genética e tentam aplicá-la na sua vida profissional, na sua prática pedagógica. Nem mesmo as Faculdades de Educação, de uma forma geral, preocupam-se em aprofundar estudo nestas teorias. Quando muito oferecem os períodos de desenvolvimento, sem permitir um maior entendimento por parte dos alunos.
________________________________________

Jean Piaget
________________________________________

Referências
CHIABAI, Isa Maria. A influência do meio rural no processo de cognição de crianças da pré-escola: uma interpretação fundamentada na teoria do conhecimento de Jean Piaget. São Paulo, 1990. Tese (Doutorado), Instituto de Psicologia, USP. 165 p.

LIMA, Lauro de Oliveira. Piaget para principiantes. 2. ed. São Paulo: Summus, 1980. 284 p.

PIAGET, Jean. O nascimento da inteligência na criança. 4. ed. Rio de

Bullying: você sabe o que é isso?




Conceito

O termo BULLYING compreende todas as formas de atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais estudantes contra outro(s), causando dor e angústia, e executadas dentro de uma relação desigual de poder.

Bullying muito mais além de uma brincadeira sem graça. Em inglês refere-se à atitude de um bully (valentão). O bullying é utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica contra alguém em desvantagem de poder, sem motivação aparente e que causa dor e humilhação a quem sofre. É uma das formas de violência que mais cresce no mundo, o bullying pode acontecer em qualquer contexto social, como escolas, universidades, famílias, entre vizinhos e em locais de trabalho. Identificamos casos de bullying em escolas das redes pública e privada, rurais e urbanas e até mesmo no ensino infantil.

Este fenômeno é uma epidemia psico-social e pode ter consequencias graves. O que à primeira vista, pode parecer um simples apelido inofensivo pode afetar emocional e fisicamente o alvo da ofensa. Crianças e adolescentes que sofrem humilhações racistas, difamatórias ou separatistas podem ter queda do rendimento escolar, somatizar o sofrimento em doenças psicossomáticas e sofrer de algum tipo de trauma que influencie traços da personalidade observa também uma mudança de comportamento.
Atos característicos

• Colocar apelidos
• Ofender
• Humilhar
• Fazer sofrer
• Discriminar
• Excluir
• Isolar
• Ignorar
• Intimidar
• Perseguir
• Assediar
• Aterrorizar
• Amedrontar
• Tiranizar
• Dominar
• Agredir
• Bater
• Chutar
• Empurrar
• Ferir
• Roubar
• Quebrar pertences

Conseqüências
• Depressão
• Ansiedade
• Estresse
• Dores não especificadas
• Perda de auto-estima
• Problemas de relacionamento
• Abuso de drogas e álcool


http://criandocriancas.blogspot.com/2008/06/bullying-voc-sabe-o-que-isso.html

FASCÍCULO 5: O Lúdico na Sala de Aula: Projetos e Jogos.




O Lúdico na Sala de Aula: Projetos e Jogos.


A brincadeira é um lugar de construção de culturas fundado nas interações sociais entre as crianças. É também suporte da sociabilidade. O desejo de brincar com o outro, de estar e fazer coisas com o outro é a principal razão que leva as crianças a se engajarem em grupos de pares. Para brincar juntas, necessitam construir e manter um espaço interativo de ações coordenadas, o que envolve a partilha de objetos, espaços, valores, conhecimentos, significados e a negociação de conflitos e disputas. Nesse contexto, as crianças estabelecem laços de sociabilidade e constroem sentimentos e atitudes de solidariedade e de amizade. É importante demarcar que no brincar as crianças vão se constituindo como agentes de sua experiência social, organizando com autonomia suas ações e interações, elaborando planos e formas de ações conjuntas, criando regras de convivência social e de participação nas brincadeiras instituindo coletivamente uma ordem social que rege as relações entre os pares e se afirmam como autoras de suas práticas sociais e culturais. Brincar é uma ação complexa, interativa e reflexiva que envolve a construção de habilidades, conhecimentos e valores sobre o mundo. O brincar contém o mundo e ao mesmo tempo contribui para expressá-lo, pensá-lo e recriá-lo, ampliando os conhecimentos da criança sobre si mesma e sobre a realidade ao seu redor.

A aprendizagem e a ludicidade são ações com objetivos semelhantes, pois através do lúdico a criança abandona o seu mundo de necessidade e constrangimentos e se desenvolve, criando e adaptando uma nova realidade a sua personalidade, afirmando o seu “eu”, se tornando espontânea, despertando a criatividade e interagindo com o mundo interior e exterior. Através dos jogos e brincadeiras percebemos dificuldades motoras, intelectuais e afetivas das crianças, em que se alegra se sentem úteis, gratificadas e livres, conhecem limites, regras e estabelecem estratégias diferenciadas, aprendendo a se concentrar, a respeitar e se fazer respeitada. Podemos e devemos utilizar a ludicidade na aprendizagem, mediante jogos e situações lúdicas que propiciem a reflexão sobre conceitos matemáticos, linguísticos ou científicos; é preciso colocá-la no real espaço que ocupa no mundo infantil e que não é o da experiência da brincadeira como cultura. Ao incorporar o lúdico podemos propiciar novas e interessantes relações entre as crianças e destas com o conhecimento. Existem inúmeras possibilidades de inserir a ludicidade na aprendizagem, mas para que a atividade pedagógica seja lúdica, é importante que permita à fruição, a decisão, a escolha, as descobertas, as perguntas e as soluções por parte das crianças e dos adolescentes, enfim, deixar que brinquem, aprender com eles a rir, a inventar a ordem, a representar, a imitar, a sonhar e a imaginar, na arte da poesia, da música, da literatura, nos jogos e até mesmo na escrita, promovendo a apropriação do sistema alfabético, e das práticas da leitura e oralidade significativa através de brincadeiras. Para tanto a escola precisa oferecer aos alunos oportunidades de contato com a leitura e a escrita como práticas sociais imbuídas de significado, buscando interação com o outro. O educador que realiza projetos de jogos e brincadeiras dirigidas, com objetivos sequênciados de acordo com a realidade da turma, propicia um aprendizado complexo e significativo, especialmente na alfabetização, por ser uma etapa envolta em fantasias e brincadeiras próprias da faixa etária, sendo um excelente canal para a leitura e escrita prazerosa.



Fascículo 4: Organização e Uso da Biblioteca Escolar e das Salas de Leituras.

Organização e Uso da Biblioteca Escolar e das Salas de Leituras

Neste fascículo vamos refletir, especialmente, sobre a importância da Biblioteca escolar ou da sala de leitura, apontando elementos relacionados à sua organização e possibilidades de uso.
Analisaremos também diferentes modalidades de leitura e a fundamental mediação do(a) professor(a) ao longo desse processo. Além disso, discutiremos a relevância do Dicionário como aliado no dia-a-dia da sala de aula.
Várias razões nos fizeram pensar em construir este material, voltado para a organização e o uso da biblioteca escolar, salas de leitura ou mesmo um
cantinho de leitura na sua escola.
Vivemos em uma sociedade imersa em letras e imagens.
A pessoa que ainda lê com dificuldade e não consegue estabelecer relações entre os sentidos do texto e o mundo à sua volta encontra sérios impedimentos para
tomar parte dos eventos sociais que envolvem oletramento e para usufruir os bens culturais — por direito, de todos. Verifica-se, então, a grande
necessidade de formarmos alunos leitores e produtores
de textos, motivo pelo qual a leitura precisa ocupar
lugar central no currículo escolar das séries iniciais.

Vale ressaltar que a organização do tempo escolar é essencial para o bom andamento do ensino-aprendizado. Uma rotina de trabalho bem orientada auxilia o professor na concretização dos seus objetivos. É importante salientar que a leitura e a escrita são fatores imprescindíveis para a formação e emancipação do sujeito. A leitura por si só contribui ricamente para o trabalho pedagógico, isso acontece também com as brincadeiras, jogos e projetos, como foi possível analisar em depoimentos e na própria prática das cursistas. Entretanto qualquer atividade a ser desenvolvida deve ser precedida de planejamento, com objetivos pré definidos e estratégias próprias que a torne significativa, uma vez que o emprego da leitura e escrita em práticas sociais, com compreensão e sentido nos remete outra vez ao conceito de letramento. A prática de leitura e escrita sem objetivos utilizados para preencher tempo, tem riscos e comprometem o estímulo, a leitura prazerosa e o próprio conteúdo, que deixa de ser totalmente aproveitado, muitas vezes pela inobservância de um plano prévio.
São imensas as contribuições do planejamento para a prática pedagógica, sendo importante que obedeça a uma rotina e seja flexível, é essencial que as ações orientadas de leitura e escrita ocupem lugar de destaque pelos benefícios ao aprendizado, favorecendo a articulação entre conteúdos em um ensino interdisciplinar, e a formação da criticidade. A organização do tempo de que dispõem os professores, são facilitados pela ordenação de ações pensadas com antecedência, preparação do material, elencando valores, procedimentos e conteúdos que serão empregados para se chegar aos objetivos estabelecidos. Neste contexto o tempo da leitura e da escrita, que possuem uma grande diversidade, enriquece e valoriza o trabalho. O planejamento é suscetível a mudanças, se porventura, a prática pedagógica não estiver produzindo resultados satisfatórios, podendo a qualquer momento ser reorganizado para garantir a qualidade do ensino.

ATIVIDADE DE ANÁLISE
Ordem alfabética e definições
Trazer para a sala de aula mais de um exemplar de dicionário, de preferência
um por grupo. Propor exercícios de observação, por meio dos quais podemos
constatar alguns princípios de sua organização: ordem alfabética, verbos no
infinitivo, adjetivos não-flexionados. Algumas vezes os dicionários trazem
informações sobre a origem e a evolução da palavra, ou seja, a sua
etimologia, que pode ser explorada. Há também algumas abreviaturas que,
para um leitor pouco experiente, podem causar confusões ou mesmo
desânimo. Por exemplo: s.m. (abreviatura de singular, masculino), Bras. gir.
(Brasil, gíria). De início, é importante fixarmos essas noções, visando a um
melhor aproveitamento de sua consulta. É importante também mostrar ao
aluno que muitos dicionários trazem uma lista que explica as abreviações
utilizadas. A nossa sugestão é que haja atividades variadas e instigantes para
esses exercícios de observação, tais como destacar um determinado verbete
e refletir sobre as diversas informações ali presentes: etimologia, abreviaturas,
dentre outros.

Produção de um dicionário da classe
Depois de observarmos cuidadosamente a apresentação dos textos nos
dicionários, que tal criarmos um dicionário da turma, com os nomes das
crianças, relacionado-os em ordem alfabética? A turma poderia propor
descrições de natureza física e afetiva sobre os colegas para compor as
definições, por exemplo, incorporando etimologia, abreviações e outros
conceitos importantes.

Ordem alfabética dos nomes
Cada aluno escreve em um papel o nome de outro aluno da classe, aquele que
vem logo depois do seu na lista de chamada, sendo que o último da chamada
ficará encarregado de escrever o nome do primeiro. O(a) professor(a)
embaralha todos os nomes e depois solicita que os alunos coloquem os papéis
em ordem alfabética, colando-os numa cartolina para serem visualizados por
todos. Você tanto pode trabalhar com nomes inteiros, quanto com o primeiro ou
o último nome, e assim, com estas alternativas, pode repetir o jogo algumas
vezes, de maneira diferente.

Jogo de adivinhação:
Cada grupo consulta o dicionário e escolhe uma palavra de uso pouco
freqüente. Em seguida, registra no caderno uma definição extraída do
dicionário e uma outra inventada pelo grupo. Então, um grupo lê as duas
definições para o outro, que deve dizer qual a definição real e qual a
inventada. Afinal, além de consolidar os conceitos trabalhados, os jogos
podem tornar as aulas mais alegres e descontraídas.

Jogo do começo
O (a) professor(a) leva para a classe diversos textos — anúncios, jornais,
cartazes e capas de revistas — e solicita aos alunos que encontrem as palavra
que começam com a letra A. Os alunos copiam as palavras começadas por A
no caderno e depois colocam em ordem alfabética. Em seguida, o(a)
professor(a) pede para encontrarem palavras que começam com a letra M,
por exemplo, e assim sucessivamente até completar todo o alfabeto.

Campeonato de palavras ou caça-palavras
O (a) professor(a) distribui diversos textos para os alunos, divididos em grupos,
e solicita que eles circulem todas as palavras difíceis. Em seguida,
cada grupo
vai anotar os vários significados propostos para cada uma das palavras
circuladas. Depois, os grupos voltam aos textos para discutir qual o significado
que se aproxima do contexto em que a palavra foi utilizada. Se houver
discordâncias, o problema será resolvido numa plenária maior, com a
participação de toda a classe.

Stop modificado
O aluno divide uma folha de papel em branco, em colunas verticais com os
seguintes nomes: flores, cores, frutas, meninos, meninas, cidades, carros, etc.
Essa atividade também pode ser feita coletivamente no quadro-negro desde o
princípio ou no final para visualizar o resultado geral. Em seguida, o(a)
professor(a) sorteia uma letra do alfabeto e dá um tempo para cada aluno
pensar e escrever (5 minutos para cada letra sorteada), por exemplo a letra A:
Amor-perfeito (flor), Amarelo (cor), Abacate (fruta), Amauri (menino), Amélia
(menina), Adamantina (cidade) e Alfa Romeu (carro). Quem não conseguir
encontrar algum nome começado com A, deixa o local em branco. No final da
atividade, cada um soma sua pontuação (pode estipular 5 pontos para os
nomes repetidos e 10 pontos para os nomes que não se repetem na folha de
outros colegas). Depois de tudo finalizado, os alunos podem juntar todas as
folhas individuais e, juntos, organizarem todos os nomes encontrados em
ordem alfabética num grande mural, feito com papel manilha.


Revisão e reescrita de texto
No momento dedicado ao aperfeiçoamento do texto, podemos dividir a turma
em grupos e distribuir uma produção diferente para cada um. Um código
acertado com a turma — um círculo, por exemplo — indicaria incorreção
ortográfica nos textos analisados previamente pelo(a) professor(a). Os grupos
teriam um tempo estipulado para conferir a ortografia das palavras circuladas
no dicionário e reescrever os textos, focalizando o seu aprimoramento.